Técnicas oferecem menos riscos de infecção, menor tempo de internação e melhores resultados estéticos
As abordagens cirúrgicas mais variadas, mas principalmente as cirurgias da cavidade abdomino-pélvica e torácica, apresentaram um grande avanço com a introdução das técnicas minimamente invasivas. Cirurgias que utilizavam incisões amplas na parede abdominal, estendendo-se em linha reta da região pubiana até o apêndice xifoide no tórax (Incisões xifopúbicas), foram substituídas por técnicas e aparelhos que permitem realizar o mesmo ato cirúrgico através de pequenas incisões de 0,5 a 1 cm com maior precisão e eficiência.
O ato cirúrgico por si só, causa uma lesão traumática no indivíduo que por ele passa, e apesar de tecnicamente controlado, pode impactar diretamente em sua saúde e plena recuperação. Quanto maior o trauma, maior o tempo necessário para recuperação de um paciente.
Uma grande incisão à bisturi, acarreta a secção e ruptura de um maior número de vasos sanguíneos, consequentemente maior quantidade de sangramento durante o procedimento, podendo levar a anemia, sujeição à infecção e piora na capacidade de recuperação pós-operatória.
A exposição e manipulação necessárias, das alças intestinais durante uma cirurgia aberta, causam micro traumatismos e edema das paredes do intestino fazendo com que ele diminua a sua mobilidade, distenda pela acumulação de gases e venha a causar mais dores devido ao prejuízo de sua função.
As grandes incisões eram necessárias para que se pudesse ver os órgãos internos e usar instrumentos que pudessem auxiliar a apreender e seccionar tecidos e vasos sanguíneos para realizar um procedimento cirúrgico.
Em cirurgia, como em algumas outras áreas, visão é poder!
Com a introdução das óticas endoscópicas e câmeras, insufladores para abrir mais espaço, fontes de luz mais potentes, a capacidade de visão do cirurgião foi muito privilegiada, permitindo enxergar estruturas com até 20 vezes de aumento em recessos do corpo que não teríamos acesso visual a céu aberto.
Essa mudança transformou a cirurgia da era moderna, e hoje praticamente todas as especialidades cirúrgicas utilizam técnicas minimamente invasivas para realizar seus procedimentos.
Pacientes que sangravam e necessitavam de sangue, hoje perdem menos sangue numa cirurgia laparoscópica bem-feita, do que na coleta de um exame de sangue de rotina.
O tempo médio de hospitalização para uma cirurgia ginecológica aberta gira em torno de 72h e se houverem abordagens intestinais, entre 5 a 7 dias. A mesma cirurgia realizada por via minimamente invasiva, o tempo de hospitalização é de 12 a 24h, nos casos da ginecologia.
Como as incisões têm entre 0,5 e 1cm, o trauma à parede abdominal é infinitamente menor, desencadeando menos sensação dolorosa, necessitando de uma menor quantidade de medicamentos para contenção da dor, levando a uma recuperação muito mais rápida com breve retorno às atividades habituais do dia a dia.
O conjunto de todos esses detalhes impacta diretamente na melhora da qualidade de vida das pessoas, trazendo mais precisão e eficiência aos tratamentos cirúrgicos e uma utilização mais ágil da estrutura hospitalar.
Posso afirmar, que o treinamento para sua execução é árduo, praticamente eterno para atingir proficiência e que talvez a falta de acesso à treinamentos especializados e a equipamentos atuais, contribuam para que não tenhamos as cirurgias minimamente invasivas disseminadas em todo canto do mundo.